sábado, 31 de janeiro de 2015

[Semana 26-01-05] Antony and the Johnsons editam "I Am a Bird Now"


Podemos perder-nos em eventuais metáforas relativamente ao título e identidade do artista Antony Hegarty. "Sou um artista, um animista, transgénero, ateu e um mamífero", esclareceu em entrevista à Out, sete anos depois. Mas I Am a Bird Now não é apenas um enorme desabafo de Hegarty, é o disco mais emocional desde... bem, desde Funeral dos Arcade Fire, editado meses antes. Os vários convidados - alguns andróginos, todos singulares - Boy George, Lou Reed, Rufus Wainright e Devendra Banhart - dão uma ajuda numa obra que tem muito de poética e que se baseia essencialmente na voz e piano, quase jazz, muito Nina Simone. Se não choraram ao ouvi-lo são bem capazes de não ter coração.  

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

[Semana 26-01-05] Bloc Party editam "Silent Alarm"


Janeiro de 2005. O termo hype ainda era muito (demasiado) usado para descrever aquelas bandas que com um single ou um EP prometiam ser a próxima grande cena. Foi assim que os Union, ou seja, os Bloc Party antes de serem os Bloc Party - foram promovidos à Premier League do rock britânico, à boleia de um EP cujo som, dizia-se, dançava entre os Strokes e os Gang of Four. E é aqui que Silent Alarm resolve-se: afasta-se do som dos Gang of Four e, mesmo não oferecendo nada de novo, apresentam um som singular, com os mais variados truques de produção (Radiohead) e o entusiasmo que não haveria de se repetir. 




quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

O que aconteceu na semana de 26-01-2005 ?


Notícias:

- Coldplay e Nine Inch Nails encabeçam o cartaz do Coachella.

- Marilyn Manson, System of a Down, Audioslave, Iggy Pop And The Stooges, The Hives e Hoobastank são confirmados no Super Bock Super Rock.

- Arnaldo Antunes actua no Centro Cultural de Belém e Teatro Rivoli e Bryan Adam faz 3 noites no Pavilhão Atlântico.

Disco da Semana: 

Bloc Party - Silent Alarm

Janeiro de 2005. O termo hype ainda era muito (demasiado) usado para descrever aquelas bandas que com um single ou um EP prometiam ser a próxima grande cena. Foi assim que os Union, ou seja, os Bloc Party antes de serem os Bloc Party - foram promovidos à Premier League do rock britânico, à boleia de um EP cujo som, dizia-se, dançava entre os Strokes e os Gang of Four. E é aqui que Silent Alarm resolve-se: afasta-se do som dos Gang of Four e, mesmo não oferecendo nada de novo, apresentam um som singular, com os mais variados truques de produção (Radiohead) e o entusiasmo que não haveria de se repetir. 

Outros álbuns editados:

Brazilian Girls - Brazilian Girls
Antony and the Jonhsons - I Am a Bird 
John Frusciante - Curtains 
High on Fire - Blessed Black Wings

Citações com dez anos:

- "Ainda nem acredito que vamos abrir para a maior banda do mundo, os U2!" (Nathan Followill, baterista dos Kings Of Leon)

- "Acho a canção fantástica. Tento ser tão sexual quanto possível numa perspectiva masculina, sem soar vulgar ou obsceno. Acho que fiz um excelente trabalho." (50 Cent relativamente a "Candy Shop")

- "Nada de electrónicas desta vez, é tudo orgânico." (Aaron Dessner, guitarrista e teclista dos The National, relativamente ao novo álbum)

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

[Semana 19-01-05] LCD Soundsystem editam "LCD Soundsystem"


Em 2001, quando fundou a DFA, James Murphy virava trintão. Pouco depois, quando lança o single "Losing My Edge", tem 31. Em 2005, quando este muito antecipado homónimo chega às lojas já conta 34. Nunca encaixou nas premissas de uma estrela pop - demasiado peso, demasiado recatado e, pelo menos aparentemente, demasiado desajeitado, James Murphy é o herói indie improvável, chave mestra para aquela espécie de revolução que haveria de se seguir. O electroclash perde popularidade, a frente ofensiva da DFA tem os Rapture de "House of Jealous Lovers" em estado de graça e é a nova grande cena. LCD Soundsystem faz a ponte entre aquilo que os putos alternativos gostavam na altura - o pós-punk dos Bloc Party e Franz Ferdinand, o garage dos White Stripes e o rock dos Strokes - e a música de dança que, três anos depois, haveria de aprimorar e transformar numa obra-prima chamada Sound of Silver. Cerca de seis anos depois da estreia, Murphy, sabemos hoje, matou o projecto que "obrigou" os miúdos indie a dançar.



[Semana 19-01-05] M83 editam "Before the Dawn Heals Us"


A discografia dos M83 sempre se pautou por uma evolução tanto sonora como estética. Se M83 e Dead Cities, Red Seas & Lost Ghosts são álbuns pouco humanos e centrados nos sintetizadores, este Before the Dawn Heals Us aponta numa direcção mais orgânica, com guitarras shoegaze e um som atmosférico e onírico. É o álbum da saída de Nicolas Fromageau e da emancipação de Anthony Gonzalez, material facilmente confundível com algo escrito para o cinema, não sendo raras as referências ao cinema de terror ou a um thriller. É o ínicio de uma equilibrada caminhada até Hurry Up, We're Dreaming e respectivo airplay na Cidade FM.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

O que aconteceu na semana de 19-01-2005 ?



Notícias:

- É anunciado um concerto dos U2 no Alvalade XXI.

- "Ray" é nomeado em 6 categorias para os Óscares: "Melhor Filme", "Melhor Realização", "Melhor Actor", "Melhor Guarda-Roupa", "Melhor Montagem" e "Melhor Som".



Disco da Semana:

LCD Soundsystem - LCD Soundsystem

Em 2001, quando fundou a DFA, James Murphy virava trintão. Pouco depois, quando lança o single "Losing My Edge", tem 31. Em 2005, quando este muito antecipado homónimo chega às lojas já conta 34. Nunca encaixou nas premissas de uma estrela pop - demasiado peso, demasiado recatado e, pelo menos aparentemente, demasiado desajeitado, James Murphy é o herói indie improvável, chave mestra para aquela espécie de revolução que haveria de se seguir. O electroclash perde popularidade, a frente ofensiva da DFA tem os Rapture de "House of Jealous Lovers" em estado de graça e é a nova grande cena. LCD Soundsystem faz a ponte entre aquilo que os putos alternativos gostavam na altura - o pós-punk dos Bloc Party e Franz Ferdinand, o garage dos White Stripes e o rock dos Strokes - e a música de dança que, três anos depois, haveria de aprimorar e transformar numa obra-prima chamada Sound of Silver. Cerca de seis anos depois da estreia, Murphy, sabemos hoje, matou o projecto que "obrigou" os miúdos indie a dançar.

Outros álbuns editados: 

Apocalyptica - Apocalyptica
M83 - Before the Dawn Heals Us
Lou Barlow - Emoh
The Chemical Brothers - Push the Button
Mercury Rev - The Secret Migration
Bright Eyes - Digital Ash in a Digital Urn
Bonnie 'Prince' Billy and Matt Sweeney - Superwolf
...And You Will Know Us by the Trail of Dead - Worlds Apart

Citações com dez anos:

- "Estávamos para editar um álbum duplo, mas, uma vez que é o nosso último com a Sony, não lhes quisemos dar demasiado. Que se lixem! (Noel Gallagher)

- "A ameaça transformou-se em oportunidade!" (John Kennedy, responsável máximo pela Federação Internacional da Indústria Fonográfica, na sequência do melhor ano de sempre para o mercado digital)

- "Durante muito tempo achei que seria melhor não fazer um filme sobre Ian Curtis, mas parece-me que finalmente encontrámos as pessoas certas para contar a história". (Deborah Curtis, viúva de Ian Curtis)

- "Nunca acabámos. Simplesmente não tocamos nem gravamos há alguns anos. Continuamos a visitar-nos e a escrever música." (Geoff Barrow, multi-instrumentista dos Portishead revelando que a banda vai editar um novo álbum)

Obituário:

- Morre Consuelo Velazquez, vítima de um problema cardiovascular.

sábado, 17 de janeiro de 2015

[Semana 12-01-05] The Game edita "The Documentary"


Na longa lista de mártires do hip hop não constam os nomes de 50 Cent e The Game. Ambos foram brutalmente alvejados antes de se lançarem como apostas pessoais de Dr. Dre. Afinal de contas, uma boa história é também uma excelente ferramenta de marketing. The Documentary, muito pessoal álbum de estreia, o rapper menciona vários clássicos do hip hop. De cabeça: Ready to Die de B.I.G., Reasonable Doubt de Jay-z, Doggy Style de Snoop Dogg, Death Certificate de Ice Cube, Illmatic de Nas e, claro, The Chronic de Dr. Dre - produtor, mentor e padrinho. Está na noção do legado hip hop e da vontade de criar algo que garanta o estatuto de clássico uma das grandes forças de The Documentary. O resto está numa criteriosa escolha de colaborações e produtores que vão de 50 Cent a Kanye West, passando por Timbaland, Eminem ou Just Blaze. 


segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

O que aconteceu na semana de 12-01-2005 ?

Notícias:


- É anunciado o iPod Shuffle.

- Mick Jagger e Dave Stewart (dos Eurythmics) vencem na categoria de "Melhor Canção Original" nos Globos de Ouro.



- Numa altura em que assinalam o 26º aniversário, os Xutos e Pontapés criam uma corrente de solidariedade para com as vítimas do tsunami na Tailândia. O contributo deveria ser feito através de uma chamada para o 760 10 13 26 ou o envio de uma SMS com a palavra xutos para o 3141.

Disco da Semana:

The Game - The Documentary

Na longa lista de mártires do hip hop não constam os nomes de 50 Cent e The Game. Ambos foram brutalmente alvejados antes de se lançarem como apostas pessoais de Dr. Dre. Afinal de contas, uma boa história é também uma excelente ferramenta de marketing. The Documentary, muito pessoal álbum de estreia, o rapper menciona vários clássicos do hip hop. De cabeça: Ready to Die de B.I.G., Reasonable Doubt de Jay-z, Doggy Style de Snoop Dogg, Death Certificate de Ice Cube, Illmatic de Nas e, claro, The Chronic de Dr. Dre - produtor, mentor e padrinho. Está na noção do legado hip hop e da vontade de criar algo que garanta o estatuto de clássico uma das grandes forças de The Documentary. O resto está numa criteriosa escolha de colaborações e produtores que vão de 50 Cent a Kanye West, passando por Timbalnd, Eminem ou Just Blaze. 

Outras edições: 

Black Mountain - Black Mountain

Citações:

-  "Ao longo do último ano, fiquei desapontado com os segundos álbuns de várias bandas que soavam a B-sides do primeiro álbum". (Nick Zinner, guitarrista dos Yeah Yeah Yeahs, defendendo uma mudança de som para o segundo disco da banda)

- "Se os Flaming Lips não podem fazer o que querem, quem poderá?" (Wayne Coyne)

- "Não acabámos, mas discutimos uns com os outros. De qualquer forma já está resolvido." (Bernard Sumner, vocalista e guitarrista dos New Order)

- "Temos algumas canções muito boas. Sei que digo sempre isto, mas acho que nunca as conseguiremos superar. (Chris Martin antecipando "X&Y")

sábado, 10 de janeiro de 2015

[Semana 05-01-05] Adam Green edita "Gemstones"


Para usar uma expressão mais do internetês: em 2005, Adam Green já tinha feito mais do que 90% das pessoas que vocês conhecem. Já tinha criado e enterrado os Moldy Peaches com Kimya Dawson e editado dois álbuns a solo. Este é o terceiro e o puto só contava 23 primaveras. Nota-se que cresceu num meio estimulante  - a avó, por exemplo, terá estado noiva de Franz Kafka -, tal é o name dropping. Está nessa vontade de mostrar mais do que a a idade que está no cartão de identificação o seu principal sinal de imaturidade. É esse o paradoxos de Gemstones, para além de ser musicalmente irrelevante.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

O que aconteceu na semana de 05-01-2015 ?


Notícias:

- "Jailhouse Rock" regressa ao 1º lugar do Top semanal de singles britânico. Celebra-se o 70º aniversário de Elvis Presley.



- Pela primeira vez em 4 anos, e apesar da constante subida dos downloads negais, a venda de CDs no mercado americano sobe. "Confessions" de Usher, "Feels Like Home" de Norah Jones e "Encore" de Eminem são os principais responsáveis.

- Slash leiloa uma Gibson Les Paul Stardard assinada pelo próprio para angariar fundos para as vitimas do Tsunami na Tailândia.

- Os Green Day doam as royalties das vendas do single "Boulevard of Broken Dreams" no iTunes para ajudar as vítimas do Tsunami na Tailândia.



- Os R.E.M. actuam no Pavilhão Atlântico.

Disco da Semana:

Adam Green - Gemstones

Para usar uma expressão mais do internetês: em 2005, Adam Green já tinha feito mais do que 90% das pessoas que vocês conhecem. Já tinha criado e enterrado os Moldy Peaches com Kimya Dawson e editado dois álbuns a solo. Este é o terceiro e o puto só contava 23 primaveras. Nota-se que cresceu num meio estimulante  - a avó, por exemplo, terá estado noiva de Franz Kafka -, tal é o name dropping. Está nessa vontade de mostrar mais do que a a idade que está no cartão de identificação o seu principal sinal de imaturidade. É esse o paradoxos de Gemstones, para além de ser musicalmente irrelevante.

Outras edições:

The Fiery Furnaces - EP
Cass McCombs -  PREfection
Kreator - Enemy of God

Citações: 

- "Não consigo imaginar os fãs dos Beatles a reclamarem porque o som do Revolver é muito diferente do With The Beatles. (Alex Kapranos, líder dos Franz Ferdinand, justificando uma eventual mudança de som do novo álbum da banda)

- "Há um single óbvio, mas eu canto nessa canção. Depois de 12 anos de Oasis, o Liam [Gallagher] começou a pensar que seria demasiado estranho, as pessoas poderiam começar a pensar que ele tinha deixado a banda. Fez uma birra e mudámos." (Noel Gallagher sobre a escolher do 1º single de Don't Believe the Truth)

- "Seja de que forma for, quando Hollywood tenta mexer na indústria musical, o resultado é invariavelmente uma trampa!" (Tony Wilson numa conferência de imprensa sobre Control, futura biopic sobre Ian Curtis realizada por Anton Corbijn)

- "Gostávamos de ter um pequeno espaço em Londres para testarmos as canções em concertos privados." (Matt Bellamy, vocalista dos Muse)