sábado, 29 de junho de 2013

[Semana 24-06-03] É editado "Movimentos Perpétuos Música Para Carlos Paredes"


2003, ano de Carlos Paredes - premonição de uma perda gigante que se consumaria em 2004. Fruto de uma investida feliz e pouco habitual, o mestre é homenageado pelos seus disciplos ainda em vida. 150 artistas das mais variadas vertentes - escrita, pintura, teatro, cinema e, claro, música - numa enorme vénia ao herói da guitarra portuguesa.

Não é um disco de versões, mas sim um álbum que busca inspiração na obra do génio. Movimentos Perpétuos Música Para Carlos Paredes tem o mérito de juntar no mesmo conjunto de canções variadas linguagens, umas mais longe do universo Carlos Paredes - Sam the Kid, Bullet, etc -, outras mais próximas - Ricardo Rocha, Ana Sadio, etc. É uma homenagem em que os convidados potenciam os seus pontos fortes - Sam sampla o mestre e junta-lhe um beat, os embrionários Dead Combo colocam em destaque a guitarra eléctrica de Trips, Rodrigo Leão não larga o violino e por aí fora. 

Independentemente dos resultados, o mais bonito é Paredes ter tido tempo para aproveitar tudo isto. Imaginamos-lhe um sorriso nos lábios.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

[Semana 24-06-03] The Mars Volta editam "De-Loused in the Comatorium"


A história dá muitas voltas e acaba em motivo para blogues como este. Em 2001, na ressaca do muito aclamado Relationship of Command, os At-Drive In anunciam o fim. Dois anos depois, há precisamente dez anos, os Mars Volta, ou seja, Omar Rodriguez-Lopez e Cedric Bixler-Zavala, estreiam-se com o incatalogável De-Loused in the Comatorium. Meses antes, os Sparta, os restos dos At-Drive In que  menos interessam, lançam Wiretap Scars, um álbum que segue as pisadas da banda que se tinha acabado de desmantelar. O diagnóstico do fim dos At-Drive In é traçado: diferenças criativas, claro.

O álbum de estreia dos Mars Volta é um chuto no rabo dos velhos e um ataque a potenciais novos fãs. É notória a necessidade de se afastarem do som dos At-Drive In, algo que nos faz acreditar que as razõe$ para a recente reunião não tenham $ido a$ melhore$. 

Ainda hoje é difícil decifrar De-Loused in the Comatorium. Álbum conceptual baseado numa short story escrita por Cedric, autor de letras complexas e indecifráveis? Disco meramente pirotécnico para encher o ouvido? Complexo objecto conceptual que gira à volta da história de auto-destruição de Julio Venegas, amigo de Cedric falecido em 1996?  Ficam as certezas: A recepção crítica de De-Loused não se voltou a repetir; A mesma funcionou com força motriz para dedicar o álbum ao recém-falecido Jeremy Ward; Dez anos depois, os Mars Volta chegaram ao fim e os At-Drive In andam por aí.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

[Jukebox de há dez anos] Corsage


São canções que se confundem com algumas das coisas mais entusiasmantes que o rock nacional tem oferecido via Amor Fúria, Flor Caveira, Chifre e etceteras, talvez porque algumas das suas origens provêm dos anos 80 - Os Corsage reúnem elementos dos More República Masónica e Pop dell'Arte, por exemplo. Música Bipolar Portuguesa, o terceiro e mais recente álbum, é um extraordinário compêndio que parte de Lisboa para retratar um país amarrado num colete de forças, com recurso a um humor inteligente.

Os dez discos mais importantes de 2003 para os Corsage:

1. Richard Hawley – Lowedges


2. Blur - Think Tank


3. The Coral  – Magic and Medicine


4. Cello - Après_midi


5. Tindersticks  -  Waiting for the moon


6. Relaxed Muscle - A heavy nite with...


7. Calexico - Feast of wire


8. And Also The Trees - Further from the truth



9. Nick Cave And The Bad Seeds - Nocturama


10. Benjamin Biolay - Negatif

quinta-feira, 20 de junho de 2013

[Semana 17-06-03] Animal Collective editam "Here Comes the Indian"


Here Comes the Indian é o quarto álbum dos Animal Collective, mas é como se fosse o primeiro. É o primeiro a ser assinado com o nome que os colocaria no mapa. É o primeiro gravado por todos os actuais elementos. E é o primeiro de uma escalada que cumpre a transformação desta OVNI numa das bandas mais influentes dos nossos tempos. 

Gravado ao vivo em apenas três dias, Here Comes the Indian está a milhas da linguagem pop dos últimos mui aclamados álbuns. Não seria escandaloso se tivessem sido associados à New Weird America - o contacto com a natureza, estranhas harmonias, a liberdade -, mas não, preferiram antes ser responsáveis por uma nova linguagem que colocou Brooklyn em centro do mundo.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

[Jukebox de há dez anos] noiserv


Diz-nos noiserv que está a preparar o regresso aos álbuns marcado para Outubro: É engraçado que foi mais ou menos há dez anos que comecei a escrever as canções que mais tarde, 2004, fariam nascer o projecto noiserv. Em termos de discos, muita coisa ouvia na altura, destacando o que mais vezes se repetia na minha cabeça, e muitos deles até aos dias de hoje. 

1. Explosions in the Sky - The Earth Is Not a Cold Dead Place


2. Radiohead - Hail to the Thief


3. Cat Power - You Are Free


4. Mogwai – Happy Songs for Happy People


5. The Decemberists - Castaways e Cutouts


6. Blur - Think Tank


7. Josh Rouse - 1972


8. The Shins – Chutes too Narrow


9. The Strokes – Room on Fire


10. Massive Attack - 100th Window


segunda-feira, 17 de junho de 2013

[Jukebox de há dez anos] Rute Correia


É a primeira convidada que não se dedica à produção musical, mas que não pode viver sem ela. Amiga e ex-colega na ETIC (o curso era Jornalismo e Crítica Musical), passou pela Rádio Zero, Cidade FM, Oxigénio, Música no Coração, Dance Club e é agora dona de um programa na Rádio MEO Sudoeste, o Hip Hop Don't Stop que alimenta a partir da Alemanha. Rute Correia, agora na primeira pessoa:

No alto dos meus 14 anos, vivia embebida no que a praticamente recém-nascida MTV Portugal tinha para me oferecer (o que, na altura, ainda envolvia muita música), ainda não tinha ultrapassado completamente a minha fase de devoção a boysband (muito suspirei pelos Blue…) e começava a fazer os meus primeiros downloads à séria (KaZaA e eMule, tenho muitas saudades vossas, sim?). O Sol Música ainda existia (para gáudio generalizado da população adolescente, ainda que os estudos dissessem o contrário), mantendo uma postura diária que desafiava toda e qualquer consistência editorial, e comprei a minha primeira revista exclusivamente dedicada a esta cena que é “a música” (ainda por cima, uma virada para um nicho!). Sem saber bem como, deixei que €5 mudassem completamente a minha vida: queria trabalhar com música.*


* Ironia do destino, o meu primeiro trabalho jornalístico pago acabaria por ser feito para a Dance Club, revista com a qual colaborei regularmente entre Setembro de 2010 e Abril de 2011.

Os dez discos mais importantes de 2003 para Rute Correia:


1. Loopless - Loopless


2. Spaceboys - Sonic Fiction


3. Massive Attack - 100th Window


4. David Fonseca - Sing Me Somethig New


5.  Movimentos Perpétuos - Música Para Carlos Paredes


6. Expensive Soul - B.I. [Na verdade, B.I. foi editado em 2004]


7.  Kaos Records - 10 anos (Dance Clube Preview)


8. Jamie Cullum - Twentysomething


9. Joss Stone - The Soul Sessions


10. Norah Jones - Come Away With Me

domingo, 16 de junho de 2013

[Semana 10-06-03] Ugly Duckling editam "Taste the Secret"


Quanto dura uma piada? Diz-nos o dicionário que uma anedota deve ser uma "breve narração". Com Taste the Secret, os Ugly Ducking - trio hip hop californiano - esticam a piada até ao limite do razoável. E é uma piada batida. A eterna questão das cadeias de fast food - a tortura animal, o capitalismo, a obesidade, etc. 

Taste the Secret narra de forma jocosa a luta entre a fictícia Meatshake, empresa fast food que serve tudo em carne - batatas fritas, saladas, batidos -, e a Veggie Hut, arqui-rival de fast food vegetariana). É claro que a guerra passa o limite do razoável e, a certa altura, toda esta paródia (70 minutos de jingles, discussões, hoorays) nos faz esquecer que o objectivo final sempre foi criar um bom disco rap.



sexta-feira, 14 de junho de 2013

[Jukebox de há dez anos] Birds Are Indie


Diz-nos a página oficial de Facebook: Birds Are Indie is a duo, a boy anda girl that fell in love 14 years ago. None of them knows particularly well how to sing and play. However singing and playing seems to do them well." Resta apenas dizer que os concertos têm surgido um pouco por todo o lado, do Algarve a Madrid e que podem ouvir How Music Fits Our Silence gratuitamente no Bandcamp oficial do duo.

Os dez discos mais importantes de 2003 para os Birds Are Indie


1. Cat Power - You Are Free: 


Joana Corker: Esta menina já tinha uma boa carreira para trás, mas só em 2003 é que lhe prestei real atenção, graças a este disco. Só conhecia uma música do disco, mas o artwork levou-me a comprá-lo.

2. The Clientele - The Violet Hour


Ambos: Gostamos muito da voz do Alasdair MacLean e da forma como nas gravações a carrega de reverb, o que se adequa muito bem ao ambiente deste disco em particular.

3. The Postal Service - Give Up


Joana Corker: Uma cópia em CD-R deste álbum esteve no meu carro durante anos e nunca me cansei de o ouvir. E isso já diz bastante...

4. d3ö - SixPackTrack 


Ambos: É uma das bandas de Coimbra que mais admiramos. Vimos uma série de concertos deles e são desconcertantes pela entrega, descontracção, bom humor e forma como interagem uns com os outros e com o público. Este foi o primeiro de uma trilogia de EPs de que muito gostamos.

5. The Shins - Chutes Too Narrow


Ambos: A primeira vez que ouvimos este disco foi numa festa, em casa de um amigo. Ficámos simultaneamente com as sobrancelhas para cima e olhámos um para o outro, como quem pergunta: "O que é isto?...". Foi  fácil obter a resposta e poucos dias depois o disco já rodava no nosso rádio.

6. Yeah Yeah Yeahs - Fever To Tell


Ambos: Esta banda foi uma das que apareceu numa espécie de boom do rock no início da década, com especial foque em Nova Iorque. Os Yeah Yeah Yeahs destacaram-se pela sua formação pouco convencional (sem baixo) e pela voz singular da Karen O que, ao vivo, é "contagiantemente" enérgica. 

7. Belle & Sebastian - Dear Catastrophe Waitress


Ambos: Estes escoceses são uma das bandas que mais gostamos porque, para além das canções em si, desenvolvem uma relação muito próxima com quem os segue, preocupam-se muito com o design e o artwork e, ouvindo a discografia completa, percebe-se passo a passo a sua evolução natural enquanto músicos, desde a quase total inocência até à afirmação em estúdio.

8. Calexico - Feast of Wire


Ricardo Jerónimo: Em Coimbra há um edifício chamado Casa da Cultura que tem uma fonoteca onde é possível requisitar CDs e levá-los para casa durante uma semana. Em 2003 trouxe de lá este disco, porque tinha lido algures uma boa crítica ao mesmo. Foi o meu primeiro contacto com os Calexico, que depois fiz por conhecer mais a fundo, algo que vai culminar com o concerto que vamos ver este ano em Paredes de Coura.

9. Sun Kill Moon - Ghosts of the Great Highway


Ambos: Depois do fim dos Red House Painters, o Mark Kozelek começou uma série compulsiva de discos a solo que, apesar do seu brilhantismo enquanto guitarrista, letrista e vocalista, não nos enchem tanto as medidas. Os Sun Kil Moon, que no fundo eram quase os Red House Painters, mas com outro nome, levaram-nos de novo para o contexto que mais gostamos do Mark Kozelek.

10. The Coral - Magic and Medicine


Ricardo Jerónimo: É um disco que ouvi vezes e vezes sem conta no meu primeiro trabalho. Uma vez li que o Noel Gallagher disse que os The Coral eram a melhor banda do mundo, depois dos Oasis. Mas eu, apesar de gostar bastante deste disco, não concordo com nenhuma das coisas...

quarta-feira, 12 de junho de 2013

[Semana 10-06-03] Radiohead editam "Hail to the Thief"


Dez anos depois, percebemos perfeitamente que Hail to the Thief soa a fim de ciclo. Fim de ciclo porque marca o regresso da banda a uma linguagem mais pop, menos desafiante do que a encetada com Kid A e Amnesiac. Fim de ciclo porque sela a marca dos dez anos de uma carreira discográfica. Fim de ciclo porque nos dez anos seguintes só temos direito a dois novos registos, ambos surpreendentes pedradas no charco. E fim de ciclo porque marca o início da carreira de Thom Yorke a solo, o momento que nos permite perceber de que cérebro vem quase toda esta música.

É o álbum que antecede a revolução na Internet que foi In Rainbows, disco que nos apanhou de surpresa, quatro anos depois, em 2007. Estávamos avisados, já em 2003, durante a promoção ao sexto registo de estúdio, os Radiohead percebiam os ventos de mudança - a banda disponibilizou quatro canções gratuitamente via streaming.

Visto de longe, Hail to the Thief não é o OK Computer II que Yorke chegou a anunciar, é um álbum uma veia política assinalável que surge espelhada no título e capa do mesmo, com a fraude nas eleições do primeiro mandato de George W. Bush a funcionar como inspiração. A partir daqui, os Radiohead não voltaram a olhar para trás.



terça-feira, 11 de junho de 2013

[Jukebox de há dez anos] Alex D'Alva Teixeira


Faz apenas um ano, mais coisa menos coisa, que ouvimos "3 Tempos" (do EP Isto não é um Projecto) pela primeira vez e é como se já tivesse passado uma eternidade.  O seguinte TOP 10 é resultado democrático das escolhas de Alex, Ben Monteiro e Vítor Hugo Azevedo.

Os dez discos mais importantes de 2003 para Alex D'Alva Teixeira: 

1. Linkin Park - Meteora


2. Radiohead - Hail to the Thief


3. Toranja - Esquissos


4. Thursday - War all the time


5. Placebo - Sleeping With Ghosts


6. Guano Apes - Walking On a Thin Line


7. The Mars Volta - De-Loused in the comatorium


8. Yeah  Yeah Yeahs - Fever To Tell


9. Muse - Absolution


10. Deftones - Deftones