Dez anos depois, percebemos perfeitamente que Hail to the Thief soa a fim de ciclo. Fim de ciclo porque marca o regresso da banda a uma linguagem mais pop, menos desafiante do que a encetada com Kid A e Amnesiac. Fim de ciclo porque sela a marca dos dez anos de uma carreira discográfica. Fim de ciclo porque nos dez anos seguintes só temos direito a dois novos registos, ambos surpreendentes pedradas no charco. E fim de ciclo porque marca o início da carreira de Thom Yorke a solo, o momento que nos permite perceber de que cérebro vem quase toda esta música.
É o álbum que antecede a revolução na Internet que foi In Rainbows, disco que nos apanhou de surpresa, quatro anos depois, em 2007. Estávamos avisados, já em 2003, durante a promoção ao sexto registo de estúdio, os Radiohead percebiam os ventos de mudança - a banda disponibilizou quatro canções gratuitamente via streaming.
Visto de longe, Hail to the Thief não é o OK Computer II que Yorke chegou a anunciar, é um álbum uma veia política assinalável que surge espelhada no título e capa do mesmo, com a fraude nas eleições do primeiro mandato de George W. Bush a funcionar como inspiração. A partir daqui, os Radiohead não voltaram a olhar para trás.
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