domingo, 29 de junho de 2014

[Semana 23-06-04] Dungen editam "Ta det lugnt"


Hoje, em 2014, o psicadelismo moderno foi reabilitado, fazendo parte do calendário de edições das mais prestigiadas publicações dedicadas à música. Hoje, em 2014, um novo álbum dos Tame Impala será sempre um dos mais aguardados da agenda discográfica anual. Ontem, em 2004, não era bem assim, as edições psicadélicas não eram tão corriqueiras como hoje, em 2014. Ontem, em 2004, um tipo sueco, o multi-instrumentista Gustav Estjes, que, à imagem de Kevin Parker dos Tame Impala, a única cara do projecto, edita Ta det lugnt, aquele foi provavelmente o grande disco de rock psicadélico de 2004.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

[Semana 23-06-04] Wilco editam "A Ghost is Born"


A ambição dos Wilco sempre os levou a fabricar edições diferentes - discos bónus, álbuns duplos, álbuns enormes - em duração e qualidade. Não é por isso de admirar que A Ghost Is Born inclua uma canção de mais de 10 minutos e outra com mais de 15. Nostálgicos como sempre, mais adultos que noutros momentos (Being There, obra-prima), sempre inteligentes e com vontade de arriscar. Dizem as más línguas que essa vontade é a grande responsável pelo adiar de um verdadeiro reconhecimento.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

[Semana 16-06-04] The Killers editam "Hot Fuss"


Cinco bons singles chegaram para criar uma ilusão que rezava assim: os Killers eram a melhor nova banda da década dos zeros a combinar indie-rock e sintetizadores a escorrer azeite. Não, nem indie, nem rock. Os Killers transformaram-se num fenómeno pop à escala global, uma máquina de singles horrendos e de "não singles" ainda piores. Uma fraude. Hot Fuss já denuncia a capacidade de apontar para as grandes arenas - a melhor canção de todas as canções dos Killers, "Mr. Brightside" escala o top britânico, entre nomes como Avril Lavigne, Mario, Eamon e Usher. É um álbum mais consensual da banda de Brandon Flowers (pinta de estrela, cabelo a mais. mas ainda assim capaz de gerar opiniões polares. Hot Fuss é a crónica de uma banda que com apenas cinco canções enganou meio mundo. O tempo deixaria claro o embuste.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

[Semana 16-06-04] A.C. Newman edita "The Slow Wonder"


Carreira a solo após carreira a solo, os The New Pornographers têm vindo a provar que, embora também valha a pena, o todo não supera a soma das partes. Ou seja, há na banda de "Moves" demasiado talento para que tudo fique concentrado num só projecto. Ainda antes de Dan Bejar editar o seu melhor disco como Destroyer, o último, já de 2011, Kaputt, A.C. Newman lançou um magnifico disco que a geração The O.C. abraçou e que tem como grande inspiração noutro magnífico álbum pop, Chutes Too Narrow dos Shins. 

sábado, 14 de junho de 2014

[Semana 09-06-04] Sonic Youth editam "Sonic Nurse"


Peguemos nos últimos três álbuns dos Sonic Youth, este Sonic Nurse, Rather Ripped (2006) e The Eternal (2009). À primeira audição, parece que os Sonic Youth andaram os últimos anos da sua longa carreira a gravar o mesmo disco. Na verdade, se ouvirmos toda a discografia dos nova-iorquinos, serão poucas as diferenças que vamos encontrar, de registo para registo. O mais incrível é que, seguindo esta premissa da imutabilidade, Kim Gordon, Thurston Moore e companhia mantiveram uma notável relevância. Sonic Nurse é mais um disco dos Sonic Youth, portanto, a eterna exploração do ruído que permitiu que a imprensa não mais largasse o rótulo de "experimental". A variantes relativamente à restante discografia estará no facto deste ser o segundo e ultimo álbum que conta com a colaboração de Jim O'Rourke. 

domingo, 8 de junho de 2014

[Semana 02-06-04] !!! editam "Louden Up Now"


A experiência sempre foi melhor ao vivo do que em disco, mas nem esta premissa tira a Louden Up Now o estatuto de um dos melhores discos de dança lançados nos 00s - 66 minutos e nove temas que parecem um só. Nesta altura muito associados à DFA (The Rapture, LCD Soundsystem), a singularidade dos Chk Chk Chk ou tʃk, tʃk, tʃk ou !!! ou o reio que os parta começava no nome a acabava em palco, com o carismático Nic Offer louco, de um lado para o outro, de calções e a abanar a anca em palco. No final de um manifesto punk-funk, carregado de referências políticas, um veredicto: a doença - a guerra, a de Bush e Blair, a do Iraque - e a cura - dançar, dançar durante 66 incríveis minutos.

domingo, 1 de junho de 2014

[Semana 26-05-04] The Streets editam "A Grand Don't Come For Free"


Contas feitas, o grime foi um género de miúdos - os autores dos melhores discos do género, Dizzee Rascal e Mike Skinner, foram perdendo frescura com o passar dos anos. O primeiro continua a editar baixando a fasquia, álbum após álbum, o segundo fechou a loja em 2011, com o discreto Computers & Blues. A Grand Don't Come For Free, álbum conceptual que sucede o já excelente Original Pirate Material, balança-se entre a sorte e o azar, o jogo e o amor, o azar ao jogo, a sorte no amor, a sorte no jogo, o azar no amor, o azar no jogo, o azar no amor. Tudo muito bem arquitectado. Não há uma canção que soe deslocada e tudo soa a material clássico. Material original clássico.