quarta-feira, 29 de maio de 2013

[Jukebox de há dez anos] Manuel Fúria


Desde os tempos em que dava voz aos Golpes que percebemos que Manuel Fúria não é apenas mais um a deixar-se levar pela leva que canta a língua de Camões. Da guitarra e fotografias promocionais aos títulos (do álbum, das canções), nada é deixado ao acaso. Quando pedimos a Manuel Fúria para construir uma lista dos 10 discos mais importantes de 2003, desconfiamos que, na altura, não estaria satisfeito com o estado das coisas no nosso Portugal. Estávamos cobertos de razão.

2003 foi um ano muito fixe em discos. Quer dizer, muito fixe menos em Portugal, onde as listas são deploráveis; o único sítio onde encontramos coisas boas é no catálogo da Florcaveira e isto porque a Amor Fúria ainda não existia. Para além dos discos, 2003 foi responsável por um dos melhores Verões de sempre. Os discos são estes e estão colocados aleatoriamente.

Os dez discos mais importantes de 2003 para Manuel Fúria:

The White Stripes - Elephant


Rebentam para o mundo com a "Seven Nation Army" dos estádios de futebol. Um disco poderoso.

Lou Reed - The Raven


Este disco marcou-me especialmente porque o Lou Reed autografou-mo a meio metro de mim, rapaz novo e impressionável. Em Coimbra, no Jardim da Sereia.

Ryan Adams - Love Is Hell, Pts. 1 & 2


Tem a versão do "Wonderwall" dos Oasis e é mesmo bonita.

Tiago Guillul - Mais 10 Fados Religiosos


Só ouvi este disco em 2007, mas é o meu preferido do Tiago. É aqui que está o grande êxito: "Quando Sangro do Nariz".

Lightning Bolt - Wonderful Rainbow


Lobster antes dos Lobster

Outkast - Speakerboxxx/The Love Below


Provavelmente o melhor disco destes todos. E eu não percebo  hip hop.

The Strokes - Room on Fire


Tem a "Reptilia" que é a melhor canção roque dos anos zero.

The Rapture - Echoes


Bateu bué.


The Sea And Cake - One Bedroom


Ouvi isto em dias de Sol, especialmente a versão do "Sound And Vision" do David Bowie.

terça-feira, 28 de maio de 2013

[Semana 27-05-03] The Thrills editam "So Much For The City"


So Much For the City prova que nem toda a música produzida na Irlanda tem que tem que reverenciar os Pogues ou incluir gaita-de-foles, bodhrán ou bouzouki. Mas So Much For The City, a estreia discográfica dos Thrills, é mais do que isso, é uma carta de amor ao Sol da Califórnia, é uma homenagem aos Beach Boys, é uma vénia à Costa Oeste norte-americana. 

O grande truque dos Thrills é não ter muita vontade de esconder essa reverência - títulos como "Santa Cruz (You're Not That Far)" e "Big Sur", ponte transatlântica que liga a Europa e os Estados Unidos, os vídeos de "One Horse Town" e novamente "Big Sur" são uma ode ao verão Californiano. Em 2003, os Thrills colocavam os óculos de Sol, preparavam o Verão. 

Contas feitas, So Much For The City sai-se como um admirável exercício nostálgico. Deixaram algumas saudades.










segunda-feira, 27 de maio de 2013

[Jukebox de há dez anos] The Weatherman


Já é o terceiro capítulo de uma certeira discografia (podem ouvir os outros dois aqui e aqui), mas só agora The Weatherman se sentiu à vontade para lhe dar um título homónimo. Há dez anos The Weatherman não existia, mas podia e devia existir. É o trabalho de alguém que foca o passado, mas sem deixar de piscar o olho ao futuro. Em 2003 já olhava de esguelha para o presente, o da altura.

Os dez discos mais importantes de 2003 para The Weatherman: 


1. Josh Rouse - 1972


Um disco pejado de grandes canções que ficaram para sempre. Grandes melodias, arranjos soberbos, é tudo perfeito. É uma pena que os discos posteriores não tenham chegado aos calcanhares deste. É um daqueles discos em que vemos a nossa vida a acontecer diante dos nossos olhos, reconforta-nos perante o passado e encoraja-nos a olhar o futuro de frente. Ainda hoje me emociono quando o oiço.

2. The Thrills - So Much For The City 


Ouvi este disco vezes sem conta e é uma pena que não tenham conseguido igualá-lo nos discos posteriores. É uma pérola pop intemporal, recheada de grandes canções. Ficou para sempre. É um ícone da melhor pop alguma vez feita.

3. Black Rebel Motorcycle Club - Take Them On, On Your Own


Um dos meus discos preferidos de rock'n roll. Em termos de rock pós-ano 2000, para mim, bate aos pontos qualquer coisa dos Strokes ou dos White Stripes.

4. The Beatles - Let It Be... Naked


O remexer do baú é sempre questionável, e este disco, apesar de trazer todas aquelas canções com um som mais límpido e cru, pareceu-me não assim tão necessário. Não me fez particularmente gostar mais das canções, apesar de reconhecer que, no geral, saíram beneficiadas. Mas um novo disco dos Beatles é sempre um acontecimento.

5. Sufjan Stevens - Greetings from Michigan: The Great Lake State


Foi através deste disco que tomei contacto com o Sufjan Stevens. Surpreendeu-me tanto haver alguém a fazer este tipo de melodias que me tornei fã incondicional, além de se ter tornado uma grande influência. Vi-o ao vivo alguns anos mais tarde.


6. Radiohead - Hail to the Thief


Foi-me oferecido como prenda de anos na altura. A minha relação com Radiohead nunca foi pacífica, mas foi com este álbum que fiz as pazes, talvez por ser o mais equilibrado de todos, e por terem voltado às boas canções.

7. The Shins - Chutes Too Narrow


Palavras para quê? São os The Shins, aqui em grande forma.

8. Lisa Germano - Lullaby for liquid pigs 


Recordo-me de a ter visto em concerto, em 2006. Lembro-me particularmente de uma música dedicada ao Jeff Buckley de ir às lágrimas.  Foi tão bom que fui logo ouvir os discos. Este é muito bom, absolutamente fantasmagórico.

9. The Clientele - The Violet Hour


As melodias e a voz cativaram-me desde logo. Lembro-me que vieram tocar ao Porto, ao Meu Mercedes [É Maior Que O Teu], e não me consigo lembrar por que razão não fui ver. E isso traz-me um sabor amargo.

10. The Go-Betweens - Bright Yellow Bright Orange


Deste disco lembro-me que me marcou especialmente pela qualidade das letras, uma escrita de canções muito inteligente.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

[Jukebox de há dez anos] Cavalheiro


"Cavalheiro é Tiago Ferreira e uma banda de rock que não uma qualquer", diz-nos na sua página no Bandcamp, a mesma que oferece para escuta gratuita um dos melhores registos de 2012, Ritmo Cruzeiro, EP de apenas cinco canções. Uma mão cheia de composições que provam-no como um dos melhores escritores de canções que por este país navega. 

Os dez discos mais importantes de 2003 para Cavalheiro: 

1. Lightning Bolt - Wonderful Rainbow



2. The Kills - Keep on Your Mean Side 


3. The White Stripes - Elephant



4. Broken Social Scene - You Forgot it in People




5. Spiritualized - Amazing Grace



6. Stephen Malkmus & the Jicks - Pig Lib




7. Blur - Think Tank




8. Sun Kill Moon -  Ghosts of the Great Highway




9. Mogwai - Happy songs for Happy People




10. Kings of Leon - Youth and Young Manhood




quarta-feira, 22 de maio de 2013

[Canções que têm dez anos] Electric Six - Gay Bar


Não é que alguma vez tenham sido muito entusiasmantes, mas, em 2003, os Electric Six da Detroit dos primórdios punk e da Motown conseguiam, pelo menos, não passar despercebidos. Fire, o álbum de estreia, divide os críticos - o tempo viria a dar razão aos que maldiziam - e inclui esta "Gay Bar", a canção certa no momento certo.

"You! I wanna take you to a gay bar / I wanna take you to a gay bar / I wanna take you to a gay bar, gay bar, gay bar.
"Let's start a war, start a nuclear war / At the gay bar, gay bar, gay bar." 

O vídeo ironiza uma sociedade norte-americana extremamente homofóbica e preconceituosa transformando Abraham Lincoln em ícone gay, numa clara alusão ao debate no que se refere à orientação sexual do 16º Presidente dos E.U.A. A Guerra do Iraque acontecia há apenas dois meses e a censura foi inevitável - o "Parental Advisory" só tornou possíveis as milhões de visualizações, uma versão de Peaches e um viral protagonizado George W. Bush e Tony Blair.

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terça-feira, 21 de maio de 2013

[A Rubrica do Canoilas] Há dez anos, como foi em Portugal?



Aviso prévio: este artigo foi escrito por alguém que tinha 16 anos em 2003. Mas boa memória. Mas só ouvia merda. E ainda hoje ouve.

2003 foi o ano do "estrala-a-bomba". O foguete vai no ar e o grupo Adiafa (não consegui escrever banda, senti-me que estava a enganar os senhores) dominava o TOP português de vendas. Foi ouvir até cansar. (Nota: 2003 também foi o ano em que se descobriu o imenso talento das Las Ketchup). No fim do ano, a Direcção-Geral de Saúde publicava o relatório anual "Risco de morrer em Portugal 2003" e dava conta da duplicação da taxa de suicídios nos últimos 10 anos, com especial incidência no Alentejo. Não há coincidências, já dizia o outro.

"Fixe, fizeste uma analogia idiota e ligeiramente ofensiva. E música a sério?"

Bem, Mariza passou de mera side-kick do Herman, entre momentos ridículos de médiuns de cagalhões na tola e gajas descascadas (sdds Hermanias) e lançou o segundo disco, Fado Curvo, que vendeu meia dúzia de cópias (seis platinas). Relembramos mais uma razão pela qual a morte do Bernardo Sassetti foi uma merda do caralho, com o grande disco em colaboração com o Mário Laginha. Old Jerusalem estreia-se em longa duração.

Mas nem tudo é bom. Os Toranja lançam Esquissos e temos de levar com a puta da "Carta" durante meses. E com o Tiago Bettencourt durante anos. Ainda agora foi anunciado para o Sudoeste.

“Boa, as minhas expectativas estavam baixas, mas mesmo assim consegues não dizer uma merda de jeito até agora. Arruma lá com o assunto.”

2003, para mim, foi o ano do Irmão do Meio. Um excelente álbum do Sérgio Godinho, pejado de convidados de luxo. Destaques para "Quatro Quadras Soltas", com os Gaiteiros de Lisboa (que convidaram os Adiafa para o Avis Rara, do ano passado) e "Lisboa Que Amanhece" Caetano Veloso. Mas a pérola aparece mesmo no fim do disco, a última faixa. Melhor canção do ano, cantada em português, sem merdas: "Dancemos no Mundo", com os Clã.

P.S.: Isto é tudo muito giro, mas 2003 é o ano da edição do Deloused in the Comatorium, dos Mars Volta. Alto discão e até tem uma música em português ("Cicatriz ESP"), por isso posso meter este P.S. sem stress, certo?

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segunda-feira, 20 de maio de 2013

[Semana 19-05-03] Tricky edita "Vulnerable

"Chama-se «Vulnerable» porque é o meu álbum mais aberto e honesto. Já não me estou a tentar esconder - agora poderão olhar para o meu verdadeiro eu." 

Pode estar nesta primeira citação do próprio Tricky a justificação para a escolha de uma voz desconhecida como a de Constanza Francavilla - fã que ofereceu os seus serviços, num concerto em Itália, através de uma demo produzida pela própria. Nestas questões, pouca coisa será mais vulnerável que uma artista sem experiência profissional, pouco habituada ao ritmo da "industria", nada habituada ao frenezim de uma digressão.

Em 2003, a cena de Bristol é cada vez menos relevante - os Portishead estão no hiato que nos faria esperar mais meia-dúzia de anos, os Massive Attack picam o ponto e Tricky é um deserto criativo desde esse clássico absoluto que é Maxinquaye. Para trás ficara essa obra-prima do trip-hop a que a saudosa Martina Topley-Bird havia emprestado a voz. E é aqui que reside a grande diferença de Maxinquaye para este Vulnerable: a voz.

De resto, os defeitos e virtudes do sétimo álbum do ex-Massive Attack estará na forma como o ouvinte o quiser interpretar. Do ponto de vista técnico, Vulnerable é um tremendo falhanço - é banal, pouco arrojado, fraco. Do ponto de vista conceptual é precisamente aquilo que Tricky dizia estar à procura - aberto, honesto... vulnerável.

Dez anos depois já nos esquecemos dos covers de "Dear God" (XTC) e "The Love Cats" (The Cure). Dez anos depois, vemos Tricky a reproduzir em palco Maxinquaye, com Martina Topley-Bird. Dez anos depois, vimo-lo durante dez minutos a atacar uma versão de "Ace of Spades" (Motorhead) no Optimus Alive 2012.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

[Jukebox de há dez anos] Bruno Broa


O primeiro convidado do Dez anos é muito tempo é também um amigo. Bruno Broa divide-se entre o rock com resquícios jazz da Alma Fábrica (principal compositor) e o punk do/a MulherHomem (vocalista). É ainda um dos fundadores da editora independente Movimento Alternativo Rock.

"
O que afinal recordo eu de há dez anos atrás a nível musical? Um pouco de Estática, um pouco de Movimento e um pouco mais de Estética, tudo ainda num embrulho por desempacotar que guardava das minhas descobertas da década de 90, e que há dez anos atrás, me indicavam caminhos e inspirações para as minhas próprias músicas". 


Os dez discos mais importantes de 2003 para Bruno Broa: 


1. Radiohead - Hail to the thief 


Oferecido por um grande amigo e colega de várias bandas. Quase que a adivinhar que seria um marco para mim. Como é tradição entre os fãs de Radiohead, existe sempre um que consideramos o álbum favorito - este é o meu. Acompanha me desde então e é das minhas grandes influências como músico. Sit down stand up!

2. Dead Can Dance - Wake




Indescritível e parte do meu ADN como músico, não só porque este álbum compila uma obra gigante em 26 temas e dois discos, mas também porque acredito numa narrativa ainda por decifrar para algumas partes do cérebro. Há uma intemporalidade absurdamente boa em cada faixa. Traz me à memória anos antes, no final dos 90s a minha vital descoberta de nomes como Young Marble Giants This Mortal Coil, entre outros, muitos outros. The Carnival (isn’t) over (after all.)

3. The White Stripes - Elephant

Perdi a conta às vezes que ouvi este álbum aos altos berros no meu quarto. Para deleite dos meus vizinhos, de certeza. Pelo menos posso dizer que nunca o ouvi sozinho... oh girrrrrrrrl, you have no faith in medicine!!!

4. Eels - Shootenanny

Desde o Beautiful Freak que sou grande fã do E!, que sem saber, é pai de muito hipster que anda por aí. O álbum não é dos meus favoritos, mas guardo a "Rock Hard Times" na memória como uma música verdadeiramente inspiradora. Não sei porquê mas associo o muito ao meu tempo na faculdade.
5.  UNKLE -  Never, Never, Land


"Invasion", com Robert Del Naja dos Massive atack é uma das músicas deste álbum fabuloso dos UNKLE. Mais tarde, o remix deles do, por sua vez também cover dos The Doors, "People Are Strange" por Stina Nordenstam, persiste até hoje como uma das minhas músicas favoritas. Uma brilhante metáfora do encadeamento de uma herança musical , que numa só música atravessa quase 50 anos.

6. Simon and Garfunkel - The Essential 

Prenda de Natal do mano mais velho, sempre atento às aspirações do mano músico. Juntamente com um livro da Taschen sobre Kurt Cobain’s, Janis Joplin’s e companhia, cujo título era “Eles morreram cedo demais”. Combo interessante, hein? De qualquer das formas é um disco que ouvi avidamente.  E quanto aos puristas anti-compilações, podem carpir à vontade, porque extremismos é falta de açúcar. Muitas das vezes é uma excelente forma de ter contacto com a obra antes de partir para o detalhe.

7. Dave Mathews Band - Some Devil

É daquelas ofertas de amigos que só anos mais tarde pus a rodar no leitor cá de casa. Mas quando o fiz fiquei satisfeito por o ter feito mais tarde. Muito provavelmente porque, se bem me recordo da besta que era, algo me diz que não teria gostado dele com 24 anos de idade. Dez anos depois, esta besta gosta muito do álbum todo.

8. Placebo - Sleeping With Ghosts



Não é de todo o meu álbum favorito dos Placebo, mas é das bandas que mais vezes vi ao vivo. Muito provavelmente por causa do Without You I'm Nothing. Mas é mesmo assim quando se é fã - compra-se tudo. A minha posse mais rara e mais preciosa deles é a edição do single "Without You I'm Nothing" com  o David Bowie, com 4 remixes, um deles dos UNKLE... claro!

9. Marilyn Manson -  The Golden Age Of Grotesque


Quem não ouvia este álbum há dez anos atrás? "mOBSCENE" foi um dos temas que mais ouvi deste álbum. Também porque estava por todo o lado. Confesso que na altura me irritou a versão de “Tainted Love” mas pronto... Já passou.

10. Desconhecido - Desconhecido


É um álbum  que ainda não  descobri, e que eventualmente virei a saber que foi editado em 2003. Porque a música é mesmo assim, uma continua descoberta de novas estéticas (felizmente ainda) proporcionadas por terceiros. A música para mim é um acto de partilha e sem a vedação do tempo a impedir a malta de ir "à xinxada" por coisas boas. Desde as k7 de cantares alentejanos na carrinha do meu Pai, às intermináveis malas de CDs do meu Padrinho, passando pelas tardes a emprestar mixtapes personalizadas e decoradas a gosto e outras tantas tardes a carpir os CDs emprestados nunca mais recuperados, finalmente chegando aos tempos modernos da partilha de links do Youtube, mas sempre com mesma a dica do "ouve lá esta" que nunca perderá validade.

Há dez anos... Alma fábrica e Mulherhomem, eram ainda abstracções futuras ,com outros nomes e outras pessoas ao meu lado, mas olhando para trás reconheço-lhes as feições. Não só no que andava a fazer, mas também no que andava a ouvir.

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terça-feira, 14 de maio de 2013

[Semana 12-05-03] Marilyn Manson edita "The Golden Age of Grotesque"



Quando Marilyn Manson edita The Golden Age Of Grostesque, o mundo ainda sente demasiado as marcas do 11 de Setembro para se voltar a deixar chocar por toda a mitologia Manson. 

É possível que o quinto álbum do anticristo seja o seu mais ambicioso - é o registo de um artista total que se inspira em Voluptuous Panic: The Erotic World of Weimar Berlin (obra de Mel Gordon que é tudo aquilo que o título promete), de alguém que, três meses antes da edição do disco, deixa escapar um vídeo de dois minutos que anunciam uma nova era na sua carreira e que, na edição limitada, inclui um DVD com uma curta metragem de 25 minutos realizada pelo próprio. 

Em 2003, Manson parece sentir necessidade de reinvenção sem que a coloque em prática. As influências industriais e a estética glam começam a revelar cansaço - como aliás, a citação descarada de "Be Agressive" dos Faith No More em "mOBSCENE" é exemplo.

Depois de The Golden Age Of Grotesque, Marilyn Manson demora quatro anos a regressar aos álbuns - nunca tinha levado tanto tempo. A indefinição leva-o na direcção de outro álbum menor, Eat Me, Drink Me (olá, Lewis Carroll). 2003 terá marcado o início da curva descendente na carreira de Manson. Faz sentido - Manson não poderia manter aquela imagem extremamente sexual, violenta e provocante para sempre. Agora, nas casa dos 40, é cara de campanhas de moda e já ninguém se lembra da polémica toda à volta do Massacre de Columbine. Ainda bem.

Há dez anos... Marilyn Manson namorava com Dita Von Teese.




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"Dez anos é muito tempo"


Há dez anos Bowie editava Reality. Há dez anos era fundado o Myspace, os Arctic Monkeys ainda não enchiam estádios. Há dez anos não existia Facebook. Há dez anos o grime era a grande próxima cena. Há dez anos o Benfica encontrava-se num jejum de nove anos, Jorge Jesus treinava o Estrela da Amadora. Há dez anos, Mourinho treinava o Futebol Clube do Porto. Há dez anos João Paulo II era Papa. Há dez anos Vilar de Mouros, Paredes de Coura, Super Bock Super Rock e Sudoeste eram representantes dos festivais nacionais. Há dez anos, os White Stripes e os Strokes eram o presente e futuro do rock. Há dez anos o Presidente da República era Jorge Sampaio e o primeiro ministro Durão Barroso. Dez anos é muito tempo.

Nota: Infelizmente não consegui encontrar a canção que inspirou o nome deste blogue. Tive que me contentar com uma referência aos 15 anos. Do mal o menos: a canção é do mesmo artista, é do Paulo de Carvalho.