segunda-feira, 30 de março de 2015

[Semana 23-03-05] Beck edita "Guero"



Guero é o regresso ao Beck de Odelay, quase dez anos depois, mas sem resultados tão entusiasmantes. É o regresso à produção dos Dust Brothers, ao som western, ao funk, ao hip hop e ao rock, depois do tratado folk que é o marcante Sea Change. Há dez anos estaríamos longe de imaginar que este mesmo Beck arrecadaria um Grammy, ainda para mais depois de um hiato de seis anos, na sequência da associação a Danger Mouse em Modern Guilt. A mudança não é uma surpresa, Beck Hansen habituou-nos a mudanças de som constantes Golden Feelings, um ano e dos álbuns antes da única canção que toda a gente lhe conhece. Beck, de "Loser" a "winner". 


terça-feira, 24 de março de 2015

O que aconteceu na semana de 23-03-2005?


Notícias:

- Black Eyed Peas são confirmados no Super Bock Super Rock.

- Josephine Foster actua na Galeria Zé Dos Bois e Cradle of Filth e Moonspell nos Coliseus.

- Joss Stone é confirmada no Festival Vilar de Mouros.

Discos da semana: 

New Order - "Waiting For the Sirens Call" / The Bravery - "The Bravery"

É interessante perceber que os New Order (ou os Joy Division) resistiram muito bem à perda de Ian Curtis, mas com o aproximar do século XX não conseguiram acompanhar os tempos, ao ponto de terem implodido. Waiting For the Sirens Call não adianta nada ao que está para trás e o que Peter Hook tem feito é reciclar os bons velhos tempos. É o último verdadeiro discos dos New Order - Lost Sirens, de 2013, já é gravado com base naquilo que Peter Hook tinha deixado nestas gravações -, depois disto os três ex-Joy Division chateiam-se, mais de 30 anos depois do início. Os sinais iam sendo dados há algum tempo, Get Ready, de 2001, foi editado oito (!) anos - ritmo Malickiano - depois. É um disco de um trio sem nada a provar, expressão que é chamada à baila quando o objecto em análise não é mais do que razoável.

Na mesma semana, a estreia dos Bravery, eles que curiosamente pegam em alguns dos ensinamentos dos New Order. Envolveram-se numa guerra de palavras com os Killers - outros obreiros dessa causa que é o revivalismo 80s, ou seja, canções recheadas a sintetizadores, muitos - e com um vocalista cuja voz se confunde facilmente com a de Robert Smith dos Cure. Depois disto, tantos os New Order como os Bravery, por motivos distintos, haveriam de cair no esquecimento.




Outras edições:

Beck - Guero
Morrissey - Live at Earls Court
Three 6 Mafia - Choices II: The Setup
Porcupine Tree - Deadwing
Lifehouse - Lifehouse
Will Smith - Lost And Found

Citações com dez anos: 

- "Para que não pensem que o primeiro álbum foi um acidente, neste precisávamos de expandir o som". (Jesse Hughes, vocalista dos Eagles Of Death Metal)

- "A interpretação do título ["Demon Days"] só é completa pelo instinto do ouvinte. Por um lado, o demónio é uma doença e uma doença é a ausência de pensamento. É o inimigo invisível: o regresso do ogre, a ascensão da besta." (Noodle, guitarrista dos Gorillaz)

- "Não posso jogar videjogos quando estou em digressão ou no estúdio porque ficaria viciado. E se há coisa de que não preciso é de mais um vício." (Josh Homme, ao revelar que está a gravar para um videojogo)

- "Isto foi mil vezes melhor do que ganhar o Big Brother. (Bez, dançarino dos Happy Mondays, após a reunião da banda num concerto na O2 Academy Brixton)

- "Estou completamente inocente. Quero que saibam que há um enorme conspiração a acontecer enquanto falo." (Michael Jackson)

- "Podíamos ter feito trinta novas «Luz Vaga», mas optámos por fazer coisas novas." (João Pedro Coimbra, teclista e baterista dos Mesa)

- "A DFA é responsável pelo trabalho de produção mais interessante do momento." (Trent Reznor, mentor dos Nine Inch Nails)

- "A Def Jam é a Motown Records dos nossos dias." (DJ Spooky)

Obituário:

- Paul Hester, baterista fundador dos Crowded House. Suicídio. Tinha 46 anos.

domingo, 22 de março de 2015

[Semana 16-03-05] M.I.A. edita "Arular"


"London, quiet down I need to make a sound. New York, quiet down I need to make a sound. Kingston, quiet down I need to make a sound. Brazil, quiet down I need to make sound". Arranca assim "Bucky Done Gun" (saudades deste Diplo?), um dos singles mais fortes de Arular. Está tudo aqui: o grime londrino - que, na altura, ainda vivia tempo excitantes com Dizzee Rascal e The Streets em topo de forma -, o hip hop nova-iorquino, o dub de Kingston e o baile funk brasileiro. 

M.I.A., um O.V.N.I. que, encorajado por Peaches, criou um álbum cujos beats base feitos numa Roland MC-505 - uma artista de quarto antes da propagação da espécie? - e politicamente inspirada nos tempos difíceis que terá viveu no Sri Lanka - o título é inspirado num nome código político usado pelo pai de M.I.A.: Arul Pragasam. Do título às letras é, portanto, justo referir que Arular é tremendamente influenciado pelo pai. Mais tarde viria a dizer que a cena punk londrina também teve uma grande influência no disco: dos Clash a Malcolm McLaren. 

Muito de vez em quando lá vem um álbum como Arular, complexo, que começa na capa e termina muitos anos mais tarde. Já o podemos classificar como clássico?


sexta-feira, 20 de março de 2015

[Semana 16-03-05] The Decemberists editam "Picaresque"



Em tempos de aclamação de Funeral dos Arcade Fire, os Decemberists avançavam com o sucessor do muito aclamado Her Majesty the Decemberists. Curiosamente, e mantendo os paralelismos com o grupo canadiano, Picaresque foi, à imagem de Neon Bible (de 2007), gravado numa antiga igreja com Chris Walla dos Death Cab For Cutie. É o álbum que prova o culto da banda de Colin Meloy: na sequência do roubo da carrinha em que se encontravam os instrumentos da banda, os fãs doaram os oito mil dólares - isto numa altura em que ainda não existiam kickstarters ou crowdfunders. Mais provas de que os Decemberists podem ter estado bem à frente do seu tempo: o vídeo de "Sixteen Military Wives" foi distribuido via BitTorrent bem antes de Thom Yorke se lembrar de o fazer. No título às letras, Picaresque é um tratado com a literatura, coisa que lhes valeu algumas acusações de presunção. Não muitas, felizmente. 

terça-feira, 17 de março de 2015

O que aconteceu na semana de 16-03-2005?


Notícias:

- N*E*R*D chegam ao fim.

- Pixies são confirmados no Festival Paredes de Coura.

- Queens of the Stone Age actuam no Late Night with David Letterman.



Disco da Semana: 

M.I.A. - Arular

"London, quiet down I need to make a sound. New York, quiet down I need to make a sound. Kingston, quiet down I need to make a sound. Brazil, quiet down I need to make sound". Arranca assim "Bucky Done Gun" (saudades deste Diplo?), um dos singles mais fortes de Arular. Está tudo aqui: o grime londrino - que, na altura, ainda vivia tempo excitantes com Dizzee Rascal e The Streets em topo de forma -, o hip hop nova-iorquino, o dub de Kingston e o baile funk brasileiro. 

M.I.A., um O.V.N.I. que, encorajado por Peaches, criou um álbum cujos beats base feitos numa Roland MC-505 - uma artista de quarto antes da propagação da espécie? - e politicamente inspirada nos tempos difíceis que terá viveu no Sri Lanka - o título é inspirado num nome código político usado pelo pai de M.I.A.: Arul Pragasam. Do título às letras é, portanto, justo referir que Arular é tremendamente influenciado pelo pai. Mais tarde viria a dizer que a cena punk londrina também teve uma grande influência no disco: dos Clash a Malcolm McLaren. 

Muito de vez em quando lá vem um álbum como Arular, complexo, que começa na capa e termina muitos anos mais tarde. Já o podemos classificar como clássico?



Outras edições:

- The Decemberists - Picaresque
- Ocean Colour Scene - A Hyperactive Workout for the Flying Squad
- Angels of Light - The Angels of Light Sing 'Other People'

Citações com dez anos: 

-  "Acho que o Gary [Lightbody] queria mais controlo e menos interferência. Agora, uma vez que ele passará a ser o único a contribuir para o material original da banda [os Snow Patrol] passarão a ser um projecto a solo." (Mark McCLeland, baixista dos Snow Patrol, depois de ter sido despedido da banda)

- “Trabalhar nos vídeos [dos Gorillaz] é muito intenso e leva cerca de 3 meses." (Damon Albarn)

- "Não olho para rótulos: vejo o rock como uma arte crua e que pertence às pessoas. mas que também pode ser misturada com poesia e política, assim como ser espiritual e revolucionário." (Patti Smith)


- "Podia ir para estúdio e escrever umas coisas novas, mas porquê fazer um álbum novo se não está ao nível dos Black Sabbath?" (Ozzy Osbourne)

Obituário: 

Lyn Collins, voz que acompanhou James Brown nos anos 70, com 56 anos, vitima de Arritmia cardíaca. A sua voz foi samplada em "It Takes Two", o clássico hip hop de 1988 de Rob Base & DJ EZ.

quinta-feira, 12 de março de 2015

[Semana 09-03-05] Daft Punk editam "Human After All"


Afinal os robots também sabem falhar. São humanos, diz-nos o título: Human After All. Em 2015, feitas as contas, o patinho feio da discografia da dupla francesa envelheceu bem e é tão incontornável como a restante discografia. O mito foi tão grande que muitos piratas chegaram a acreditar que o leak que colocou o disco nos sites de partilhas de ficheiros era fake. Haveríamos de pagar pelo erro - O castigo deu-nos oito anos sem Daft Punk, apesar da (essa sim) irrelevante banda sonora e de um registo ao vivo. Human After All é uma tremenda ironia que fez acreditar que os dois Daft Punk gravaram um disco em 16 dias e que, por isso, este som soa a 16 dias de gravação - crítica que, aliás, os White Stripes já tinham sido alvo com Elephant. Não soa a 16 dias de estúdio nem é um decalque dos trabalhos anteriores, como a maior parte sugeriu. Nem é uma manobra Dylanesca de auto-depreciação. É mesmo o mais singular trabalho da dupla, uma armadilha que todos pisaram.



terça-feira, 10 de março de 2015

O que aconteceu na semana de 09-03-2005?


Notícias: 

- Michael Jackson apresenta-se várias horas atrasado e de pijama no tribunal.

- Queen + Paul Rodgers anunciam concerto no Estádio do Restelo.

- Michael Bolton actua no Salão Preto e Prata - Casino Estoril e Keane e Rufus Wainwright sobem ao palco do Coliseu dos Recreios.

- FBI fecha a investigação do assassinato de The Notorious B.I.G. e abandona a teoria de que um polícia poderia estar envolvido no mesmo.

- U2, Pretenders, Buddy Guy, The O'Jays e Percy Sledge entram para o Rock and Roll Hall of Fame.

Disco da Semana:

Queens of the Stone Age - Lullabyes to Paralyze

Peguemos nas palavras de Nick Oliveri, pouco antes da edição de Lullabies to Paralyze: "já o ouvi e é um bom álbum, mas estava à espera de um regresso às origens - um disco de guitarras mais pesadas". Assim sendo, caso Oliveri não tivesse sido despedido da banda por mal comportamento, os dois elementos mais importantes dos Queens of the Stone Age, colegas, amigos, irmãos, Nick Oliveri e Josh Homme, teriam provavelmente chegado ao ponto das diferenças criativas. Que disco seria Lullabies to Paralyze, caso Oliveri tivesse feito parte do processo? Provavelmente, mais linha de baixo, menos linha de baixo, seria o mesmo - por mais que a soma das parte fizesse um todo magnífico, Homme sempre foi o cérebro da banda de Palma Desert. Até "I Never Came", ou seja, durante as oito primeiras faixas, a linha é, mais coisa menos coisa, a de Songs for the Deaf. A partir de "Someone's Wolf" explora algum psicadelismo assegurando uma das linhas que sempre orientou Homme: a constante mudança de som.



Outras edições: 

Daft Punk - Humar After All
Stereophonics - Language. Sex. Violence. Other?
Moby - Hotel
Louis XIV - The Best Little Secrets Are Kept
Al Green - Everythink's OK
Paradise Lost - Paradise Lost

Citações com dez anos:

- "Nunca pensei fazer isto outra vez. Sempre fui contra a ideia de convidar alguém para personificar o Freddie Mercury e, de repente, olho para este tipo que não o está a tentar fazer de modo algum. [O Paul Rodgers] está a fazer de si mesmo." (Brian May relativamente à reunião dos Queen)

- "É como se alguém tivesse pegado no nosso primeiro álbum e colorido-o de uma ponta à outra". (D-2, vocalista dos Gorillaz)

- "Tivemos vários problemas a gravar o disco. Desconcentrados, perdemos o entusiasmo pelo que estávamos a fazer e confrontámos-nos várias vezes uns com os outros questionando o futuro da banda." (Shirley Manson, vocalista dos Garbage)

- "Nunca pensei lutar com o Elvis [Presley]" (Kelly Jones, vocalista dos Stereophonics, depois da banda atingir o 1º lugar no Top de singles britânica, com "Dakota", destronando Elvis)

- "Estou a lançar uma instituição que apoie as pessoas a ultrapassar obstáculos e mudar as suas vidas para melhor. Chama-se G-Unit Foundation Inc. Assim, eu e o The Game queremos dar o exemplo." ( 50 Cent, anunciando o fim da rivalidade com The Game.)

sábado, 7 de março de 2015

[Semana 02-03-05] Kaiser Chiefs editam "Employment"


Dois meses depois de Silent Alarm, nova folgorosa estreia num mercado britânico que tentava prolongar à força o momentum que a magnífica estreia dos Franz Ferdinand havia encetado cerca de 12 meses antes. O revivalismo pós-punk a produzir bandas como cogumelos e a imprensa britânica sob os comandos do New Musical Express com hype atrás de hype numa altura em que o termo ainda fazia sentido. A estreia dos Kaiser Chiefs é bem simpática, mas foi elevada a um estatuto que não é o seu. Foi um dos álbuns do ano para muito boa publicação que quis ver aqui os sucessores de uns Blur que estavam à beira do hiato que se prolongou até esta década. A verdade é que, mais quatro álbuns depois, os Kaiser Chiefs são encarados como a banda de um carismático Ricky Wilson que virou jurado de um talent show, o The Voice, que o alcunha de Mr. Puppy Dog Eyes.






terça-feira, 3 de março de 2015

O que aconteceu na semana de 02-03-2005 ?


Notícias: 

- Hoobastank actuam no Coliseu dos Recreios e Hard Club e Jarvis Cocker sobe ao palco do Lux.

- Um incêndio destrói o histórico Easley McCain, o estúdio onde Jeff Buckley gravava quando morreu. Também os Sonic Youth, os The White Stripes, os Wilco e os Guided By Voices gravaram ali.

- Peter Murphy e The Charlatans são confirmados no Festival Vilar de Mouros.

- Festival Galp Energia anuncia cartaz: Seal, Skank, Skin e Toranja.

- Incubus e Moby são confirmados no Super Bock Super Rock. Hoobastank cancelam a actuação.

- Franz Ferdinand e Keane são anunciados para a 1ª parte do concerto dos U2 no Alvalade XXI.

Disco da Semana: 

Kaiser Chiefs - Employment

Dois meses depois de Silent Alarm, nova folgorosa estreia num mercado britânico que tentava prolongar à força o momentum que a magnífica estreia dos Franz Ferdinand havia encetado cerca de 12 meses antes. O revivalismo pós-punk a produzir bandas como cogumelos e a imprensa britânica sob os comandos do New Musical Express com hype atrás de hype numa altura em que o termo ainda fazia sentido. A estreia dos Kaiser Chiefs é bem simpática, mas foi elevada a um estatuto que não é o seu. Foi um dos álbuns do ano para muito boa publicação que quis ver aqui os sucessores de uns Blur que estavam à beira do hiato que se prolongou até esta década. A verdade é que, mais quatro álbuns depois, os Kaiser Chiefs são encarados como a banda de um carismático Ricky Wilson que virou jurado de um talent show, o The Voice, que o alcunha de Mr. Puppy Dog Eyes


Outros álbuns editados:

50 Cent - The Massacre
Black Label Society - Mafia
Ash - Meltdown
50 Foot Wave - Golden Ocean
Flaming Lips - LateNightTales

Citações com dez anos: 

- "Não nos vemos como um grupo diferente [dos Joy Division] só por não termos o Ian [Curtis] connosco fisicamente. Ele continua lá espiritualmente." (Peter Hook)

- "Já ouvi ["Lullabies to Paralyze"] e é um bom disco. Mas estava à espera que fosse um regresso às origens - um disco de guitarras mais pesadas". (Nick Oliveri, ex-baixista dos Queens of the Stone Age sobre o novo álbum da banda)

- "Consigo perceber que os The Strokes e os Franz Ferdinand são verdadeiros, mas não o consigo ver nos The Bravery." (Brandon Flowers)

- "Nunca imaginámos o impacto que o filme podia ter nas nossas vidas." (Lars Ulrich, relativamente ao documentário "Some Kind of a Monster")