domingo, 31 de janeiro de 2016

O que aconteceu na semana de 25-01-2005?


Notícias: 

- "Whatever People Say That I Am, That's What I'm Not", a estreia dos Arctic Monkeys, torna-se no álbum britânico mais vendido de sempre na durante a 1ª semana, com 363,735 cópias vendidas.

Disco da Semana: 

Arctic Monkeys - Whatever People Say That I Am, That's What I'm Not

Em 2006, esta semana foi dominada pela estreia dos Arctic Monkeys. Dez anos depois, tentamos dar alguma ordem a Whatever People Say That I Am, That’s What I’m Not. O que significou? Olhemos para a atitude, o contexto e o momento da mais celebrada banda britânica da última década. A atitude. 

A espontaneidade de quatro miúdos de Sheffield que surgiam em palco vestidos com roupas normais, longe da indumentária cool dos rapazes que os teriam inspirado em primeiro lugar: The Strokes. Se para a banda de Nova Iorque tudo era pose, no caso dos Arctic Monkeys a atitude parece ser de sabotagem constante. A ausência de editora, a partilha de canções na Internet e a escolha de uma Domino que em 2006 era os Franz Ferdinand, The Kills e pouco mais falam por si. No vídeo de “I Bet You Look Good On The Dancefloor”, um tímido Alex Turner atira: “don’t believe the hype”. Estes elementos de auto-sabotagem, de autoflagelação eram comuns: por exemplo, logo a abrir o disco, em “The View of the Afternoon”, cospe-se: “Anticipation has a habit to set you up for disappointment”. 



O contexto. Whatever People Say That I Am, That’s What I’m Not é um daqueles álbuns que corta o tempo ao meio – foi o primeiro disco a aproveitar-se de forma óbvia da Internet, no geral, e da rede social do momento (o MySpace) em particupar. Bateu recordes de vendas – quase 120 mil cópias no primeiro dia (mais do que todos os restantes 19 do top 20… todos juntos) e mais de 360 mil na primeira semana, números ainda por superar. Não será ousado referir que o mundo mudou. 


O momento. Pete Doherty andava a saltar entre clínicas de reabilitação, Amy Winehouse ainda não tinha acontecido (Back to Black só chegaria meses depois) e o NME, na sua eterna adolescência, procurava uma referência para substituir uns acabados Libertines. Os Arctic Monkeys eram perfeitos: a maturidade das letras, a forma como Turner captava os hábitos do adolescente britânico – miúdas e noitadas, basicamente – e uma energia capaz de unir uma geração. Os primeiros anos do milénio surgem impecavelmente retratados nestas 14 canções. Portanto, se nasceram algures entre 1983 e 1990, digam-nos, quanto tempo passaram a repetir estas letras no AZLyrics?

Outras Edições: 

Gossip - Standing in the Way of Control
The Kooks - Inside In/Inside Out
P.O.D. - Testify 

[Semana 25-01-06] East River Pipe edita "What Are You On?"


Ao contrário do que se vai fazendo crer nos dias de hoje, os artistas de quarto já existem desde os anos 60, quando Brian Wilson se terá trancada num estúdio caseiro para gravar uma trilogia de discos dos Beach Boys. Isto para referir que, quando o New York Times escreve que Fred Cornogs é "o Brian Wilson da gravação caseira", a afirmação soa redundante. Em 2006, East River Pipe, o projecto, assinalava já os 17 anos, décadas de droga e álcool. E é esse o tema central do disco: as drogas. Tudo de forma honesta e sem grande subterfúgios.  E com óptimas melodias. 

sábado, 23 de janeiro de 2016

O que aconteceu na semana de 18-01-2005?


Notícias: 

Cartaz do Coachella é anunciado. Cabeças de cartaz: Depeche Mode, Tool, Daft Punk e Madonna;

- All Saints reúnem-se.

Disco da Semana: 

Cat Power - The Greatest

Como é que um disco tão inspirado nos anos 60 e 70 acabou por ganhar um estatuto de clássico de culto em 2006? Da mesma forma que os Franz Ferdinand sacaram o mais celebrado disco de 2004: com grandes canções. É claro que as letras oriundas de um coração despedaçado foram importantes e muitos terão sido os que se reviram nas letras de The Greatest. O álbum de Cat Power conservava o som da soul sulista de Memphis que celebrizou a Stax Records e foi gravado na cidade – nos Ardent Studios, onde tinham gravado Al Green e Booker T & the MG’s. Entre os colaboradores de The Greatest contavam-se Mabon “Teenie” Hodges, que tinha tocado com com Al Green, e o baixista Leroy “Flick” Hodges, que tinha trabalhado com Booker T. & the MGs. A consciência não retirou a imprevisibilidade a Cat Power em The Greatest, provavelmente o mais arriscado (diferente de tudo o que tinha feito anteriormente) e acessível disco de Chan Marshall. E talvez também o seu melhor – The Greatest.

Bonnie Prince Billy / Tortoise - The Brave and the Bold
Robert Pollard - From a Compound Eye
Richard Ashcroft - Keys To the World

Citações com dez anos:

“Os Blur foram uma coisa de miúdos. Não estou em contacto com o Damon Albarn e, até ver, não me arrependo minimamente." (Graham Coxon)

- "Vão ouvir música nova este ano." (Slash)

. "Não falo com o Slash há dez anos. Adoro-o e sempre quis que o mundo soubesse o quão incrível ele é, mas...". (Axl Rose)

- "É o Ano Chinês do cão, mas, na indústria musical, 2006 vai ser o Ano do Macaco." Gennaro Castaldo, especialista em tabelas de vendas)

Obituário: 

- Wilson Pickett, lenda soul da Stax Records.  Entre os grandes clássicos do artista encontram-se "Mustang Sally" e "In the Midnight Hour".

sábado, 16 de janeiro de 2016

O que aconteceu na semana de 11-01-2005?


Notícias:

- 4 anos depois do divórcio, Eminem e Kim Mathers voltam a casar.

- "Walk the Line", a biopic sobre Johnny Cash protagonizada por Joaquin Phoenix e Reese Witherspoon, vence 3 Golden Globes: categorias "Best Musical or Comedy Film" e "Best Actor and Actress in a movie musical or comedy".

Disco da Semana:

Morningwood - Morningwood

Num início do ano que, à excepção dos The Strokes, não trouxe nada de novo, os Morningwood beneficiaram de uma atenção que, noutro contexto, não teria sido possível. Era a primeira prometedora estreia do ano, diziam alguns, com a dos Arctic Monkeys à espreita e antecipada para o final de Janeiro. Programas de televisão, videojogos de velocidade automobilística, vídeos de promoção – o rock cru dos Morningwood estava por todo o lado, mas nem o carisma da vocalista os safou. Diziam estar apenas a divertir-se, mas a experiência não era reciproca. Era um primeiro disco banal e foi tratado como tal. Tentaram.



Outras edições:

DragonForce - Inhuman Rampage

Citações: 

- "Tem que ser mesmo bom, temos que provar a nós mesmos que o conseguimos fazer. Queremos fazer o melhor álbum desde "Abbey Road" [dos The Beatles]." (Ricky Wilson, sobre o 2º álbum dos Kaiser Chiefs)

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

O que aconteceu na semana de 04-01-2005?


Notícias: 

- "Whatever People Say That I Am, That's What I'm Not", a estreia dos Arctic Monkeys é antecipado em uma semana. Motivo: leak do disco.

- Apple Inc. revela que vendeu 32 milhões de iPods em 2005.

Disco da Semana: 

The Strokes - First Impressions on Earth

Em Retromania de Simon Reynolds, o autor dedica um pequeno espaço a algo que chama de "discos não coleccionáveis", aqueles discos que não são suficientemente maus para ser cool juntar à colecção. Serve esta referência para, passe o exagero, dizer que First Impressions on Earth é o primeiro disco que o fã de Strokes ouve com desdém. Vem cinco anos depois de Is This It?, irrepetível clássico rock 'n' roll a abrir o século, um daqueles que só vem de tempos a tempos e que uma banda dificilmente conseguirá igualar. É preciso repetir o "erro" duas vezes. Is This It? é um erro, pois nestas andanças falhar é a norma. As expectativas enormes que rodearam Room on Fire dissiparam o pressão que se adivinhava a cada disco dos Nova Iorquinos. Mas não. Não, porque o segundo álbum, embora não seja incrível, é tido como muito bom. Ou seja, a qualidade caiu, sim, mas sabemos que o raio não cai duas vezes no mesmo sitio e, como tal, o muito bom, embora menor, acaba por ser suficiente. Julian Casablancas e companhia decidiram então fazer de First Impressions on Earth o seu blockbuster - oiçam "Heart in a Cage" ou "Vision of Division", por exemplo. Produção hi-fi, solos exibicionistas, virtuosismo puro. A editora ainda tentou atirar areia para a cara do consumidor "a crítica concorda que o álbum representa um regresso à melhor forma dos Strokes." Impossível, senhor Phil Penman. O tempo daria razão aos desconfiados: seguiu-se uma digressão e um hiato. Influenciados por um concerto dos Strokes, os Arctic Monkeys estavam prestes a explodir com o registo de estreia. Passagem de testemunho dos Strokes, uma das bandas mais influentes dos últimos 15 anos.


Citações com dez anos:

- "Com o "Silent Alarm" queria escrever sobre o que é ser um rapaz de 20 anos no mundo ocidental." (Kele Okereke)

- "Adoro The Smiths, mas soa-me quase tudo igual - quero ser mais como os The Who e em todos os discos mudar de som." (Mike Skinner)

- “Sinto-me inspirado por Roma porque é completamente diferente de Los Angeles, cidade onde passei a maior parte dos meus últimos anos. Por mais bonita que LA seja, esta pertence à polícia e a mais ninguém. Onde quer que vás, há polícia à espera de um motivo - por motivo nenhum - para te saltar para cima." (Morrissey Official sobre a inspiração do novo "Ringleader Of The Tormentors")

- "Ele sabe que, para chegar aos jornais, só tem que ser tão desagradável quanto possível. Quando li o que ele disse sobre nós, em 2005, soou a uma miúda do secundário extremamente neurótica." (Alex Kapranos, em relação a Liam Gallagher)

- "Já disse muita coisa sobre o disco, mas sai em Março." (Slash, sobre "Chinese Democracy", o muito adiado disco dos Guns N' Roses)