sexta-feira, 17 de maio de 2013

[Jukebox de há dez anos] Bruno Broa


O primeiro convidado do Dez anos é muito tempo é também um amigo. Bruno Broa divide-se entre o rock com resquícios jazz da Alma Fábrica (principal compositor) e o punk do/a MulherHomem (vocalista). É ainda um dos fundadores da editora independente Movimento Alternativo Rock.

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O que afinal recordo eu de há dez anos atrás a nível musical? Um pouco de Estática, um pouco de Movimento e um pouco mais de Estética, tudo ainda num embrulho por desempacotar que guardava das minhas descobertas da década de 90, e que há dez anos atrás, me indicavam caminhos e inspirações para as minhas próprias músicas". 


Os dez discos mais importantes de 2003 para Bruno Broa: 


1. Radiohead - Hail to the thief 


Oferecido por um grande amigo e colega de várias bandas. Quase que a adivinhar que seria um marco para mim. Como é tradição entre os fãs de Radiohead, existe sempre um que consideramos o álbum favorito - este é o meu. Acompanha me desde então e é das minhas grandes influências como músico. Sit down stand up!

2. Dead Can Dance - Wake




Indescritível e parte do meu ADN como músico, não só porque este álbum compila uma obra gigante em 26 temas e dois discos, mas também porque acredito numa narrativa ainda por decifrar para algumas partes do cérebro. Há uma intemporalidade absurdamente boa em cada faixa. Traz me à memória anos antes, no final dos 90s a minha vital descoberta de nomes como Young Marble Giants This Mortal Coil, entre outros, muitos outros. The Carnival (isn’t) over (after all.)

3. The White Stripes - Elephant

Perdi a conta às vezes que ouvi este álbum aos altos berros no meu quarto. Para deleite dos meus vizinhos, de certeza. Pelo menos posso dizer que nunca o ouvi sozinho... oh girrrrrrrrl, you have no faith in medicine!!!

4. Eels - Shootenanny

Desde o Beautiful Freak que sou grande fã do E!, que sem saber, é pai de muito hipster que anda por aí. O álbum não é dos meus favoritos, mas guardo a "Rock Hard Times" na memória como uma música verdadeiramente inspiradora. Não sei porquê mas associo o muito ao meu tempo na faculdade.
5.  UNKLE -  Never, Never, Land


"Invasion", com Robert Del Naja dos Massive atack é uma das músicas deste álbum fabuloso dos UNKLE. Mais tarde, o remix deles do, por sua vez também cover dos The Doors, "People Are Strange" por Stina Nordenstam, persiste até hoje como uma das minhas músicas favoritas. Uma brilhante metáfora do encadeamento de uma herança musical , que numa só música atravessa quase 50 anos.

6. Simon and Garfunkel - The Essential 

Prenda de Natal do mano mais velho, sempre atento às aspirações do mano músico. Juntamente com um livro da Taschen sobre Kurt Cobain’s, Janis Joplin’s e companhia, cujo título era “Eles morreram cedo demais”. Combo interessante, hein? De qualquer das formas é um disco que ouvi avidamente.  E quanto aos puristas anti-compilações, podem carpir à vontade, porque extremismos é falta de açúcar. Muitas das vezes é uma excelente forma de ter contacto com a obra antes de partir para o detalhe.

7. Dave Mathews Band - Some Devil

É daquelas ofertas de amigos que só anos mais tarde pus a rodar no leitor cá de casa. Mas quando o fiz fiquei satisfeito por o ter feito mais tarde. Muito provavelmente porque, se bem me recordo da besta que era, algo me diz que não teria gostado dele com 24 anos de idade. Dez anos depois, esta besta gosta muito do álbum todo.

8. Placebo - Sleeping With Ghosts



Não é de todo o meu álbum favorito dos Placebo, mas é das bandas que mais vezes vi ao vivo. Muito provavelmente por causa do Without You I'm Nothing. Mas é mesmo assim quando se é fã - compra-se tudo. A minha posse mais rara e mais preciosa deles é a edição do single "Without You I'm Nothing" com  o David Bowie, com 4 remixes, um deles dos UNKLE... claro!

9. Marilyn Manson -  The Golden Age Of Grotesque


Quem não ouvia este álbum há dez anos atrás? "mOBSCENE" foi um dos temas que mais ouvi deste álbum. Também porque estava por todo o lado. Confesso que na altura me irritou a versão de “Tainted Love” mas pronto... Já passou.

10. Desconhecido - Desconhecido


É um álbum  que ainda não  descobri, e que eventualmente virei a saber que foi editado em 2003. Porque a música é mesmo assim, uma continua descoberta de novas estéticas (felizmente ainda) proporcionadas por terceiros. A música para mim é um acto de partilha e sem a vedação do tempo a impedir a malta de ir "à xinxada" por coisas boas. Desde as k7 de cantares alentejanos na carrinha do meu Pai, às intermináveis malas de CDs do meu Padrinho, passando pelas tardes a emprestar mixtapes personalizadas e decoradas a gosto e outras tantas tardes a carpir os CDs emprestados nunca mais recuperados, finalmente chegando aos tempos modernos da partilha de links do Youtube, mas sempre com mesma a dica do "ouve lá esta" que nunca perderá validade.

Há dez anos... Alma fábrica e Mulherhomem, eram ainda abstracções futuras ,com outros nomes e outras pessoas ao meu lado, mas olhando para trás reconheço-lhes as feições. Não só no que andava a fazer, mas também no que andava a ouvir.

Dez Anos é Muito Tempo no Facebook. 

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