segunda-feira, 20 de maio de 2013

[Semana 19-05-03] Tricky edita "Vulnerable

"Chama-se «Vulnerable» porque é o meu álbum mais aberto e honesto. Já não me estou a tentar esconder - agora poderão olhar para o meu verdadeiro eu." 

Pode estar nesta primeira citação do próprio Tricky a justificação para a escolha de uma voz desconhecida como a de Constanza Francavilla - fã que ofereceu os seus serviços, num concerto em Itália, através de uma demo produzida pela própria. Nestas questões, pouca coisa será mais vulnerável que uma artista sem experiência profissional, pouco habituada ao ritmo da "industria", nada habituada ao frenezim de uma digressão.

Em 2003, a cena de Bristol é cada vez menos relevante - os Portishead estão no hiato que nos faria esperar mais meia-dúzia de anos, os Massive Attack picam o ponto e Tricky é um deserto criativo desde esse clássico absoluto que é Maxinquaye. Para trás ficara essa obra-prima do trip-hop a que a saudosa Martina Topley-Bird havia emprestado a voz. E é aqui que reside a grande diferença de Maxinquaye para este Vulnerable: a voz.

De resto, os defeitos e virtudes do sétimo álbum do ex-Massive Attack estará na forma como o ouvinte o quiser interpretar. Do ponto de vista técnico, Vulnerable é um tremendo falhanço - é banal, pouco arrojado, fraco. Do ponto de vista conceptual é precisamente aquilo que Tricky dizia estar à procura - aberto, honesto... vulnerável.

Dez anos depois já nos esquecemos dos covers de "Dear God" (XTC) e "The Love Cats" (The Cure). Dez anos depois, vemos Tricky a reproduzir em palco Maxinquaye, com Martina Topley-Bird. Dez anos depois, vimo-lo durante dez minutos a atacar uma versão de "Ace of Spades" (Motorhead) no Optimus Alive 2012.

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