2003 foi o ano em que saiu o primeiro álbum de The Joy of Nature and Discipline, mas não estava a ouvir nada semelhante a esse disco (aliás, o disco foi composto, principalmente, em 1999 e 2000). Em 2003 dediquei-me essencialmente a aquarelle, o projecto musical que nunca conseguiu realmente ter as oportunidades que possivelmente merecia. Foi também um ano que ficou para sempre gravado na memória, um daqueles anos em que houve acontecimentos que haviam de marcar todos os anos subsequentes.
Os dez discos mais importantes de 2003 para The Joy of Nature:
1. David Sylvian - Belmian
A primeira vez que ouvi o Blemish [a reacção] foi: “Mas que raio? O que está este gajo agora a fazer?”. Não foi um disco que tenha entrado à primeira, mas tornou-se num dos preferidos e ouvi-o vezes sem conta durante um Verão.
2. Swans – Forever Burned
Este disco não é nem uma reedição nem uma compilação: contém por inteiro o álbum The Burning World e algumas faixas de discos que saíram quase pela mesma altura, como a obra-prima White Light from the Mouth of Infinity. Contém a “Song for the Sun” que foi a primeira música que deles ouvi – com 15 ou 16 anos – num programa do Nuno Galopim. Swans... Há mais de 20 anos que os oiço regularmente.
3. Nurse With Wound – Salt Marie Celeste
Gosto mais dos discos de drones de Nurse With Wound do que daqueles mais ligados às colagens e ao surrealismo. Este disco é constituído por uma única faixa com cerca de uma hora de duração em que se sente e vê um navio fantasma à deriva. A história do navio Marie Celeste é extremamente interessante e este disco leva-nos lá.
4. The Shipping News – Three-Four
Foi o primeiro disco que associei a 2003. Ouvia-o vezes sem conta no trabalho, numa altura bastante especial em que não me podia queixar de monotonia emocional. E são emoções que este disco traz, como a intensidade em crescendo da “Haunted On Foot” ou o coração quase a explodir na “We Start to Drift”. É o disco que mais me transporta de regresso a 2003.
5. Espers – Espers
Ao mesmo tempo que Devendra Banhart começava a ganhar popularidade e a folk psicadélica voltava a ser reavivada por novos hippies, surge um dos melhores exemplos desta nova vaga. Foi um disco inspirado e inspirador e trouxe à luz do dia uma série de instrumentos acústicos que deviam estar escondidos em algum sótão.
6. Dean Roberts – Be Mine Tonight
Como se faz música assim? Parece desestruturada, complexa, mas terrivelmente emocional. Aqui não há nada fingido. Ouvi muito este disco na mesma fase em que descobri o cinema dos irmãos Quay.
7. Piano Magic – The Troubled Sleep of Piano Magic
Há aqui uma canção que faz toda a diferença – “The Unwritten Law”. Sempre que ouvia o disco, colocava esta canção em repeat. Mais uma vez, a relação terrível entre a tristeza e a beleza.
8. Bonnie Prince Billy – Master and Everyone
Voz e guitarra. Com canções como “The Way” não é preciso mais nada. Todas as canções são boas, mas bastava essa, que era exactamente o que me apetecia dizer na altura.
9. Barzin - Barzin
Geralmente não gosto de música tão doce e "tristinha" como a que está neste disco. Mas as canções deste disco são demasiado
boas e fazem-me esquecer isso. E
versos como Are you building a house/With these broken plans diziam-me muito.
E a cereja no topo do bolo é a última faixa – “Sleep” que
influenciou directamente o trabalho de aquarelle.
10. The Strokes – Room On Fire
2003 foi realmente o ano dos Strokes e este
disco fez-me voltar a sentir como se tivesse 16 anos novamente.
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