sexta-feira, 14 de novembro de 2014

[Semana 10-11-04] Eminem edita "Encore"


É com Encore que Eminem dá início o período de declínio criativo que ainda hoje dura. Irónico, pois: um encore, se exceptuarmos um concerto de Eddie Vedder (com ou sem os Pearl Jam) tende a ser um fim. Em sua defesa podemos escrever que nem com os seus piores discos, os que não ligámos nenhuma, a dupla Relapse e Recovery, Eminem perdeu a relevância, principalmente se tivermos em conta a comercial. 

Mas não é apenas a decadência criativa que Encore anuncia. Meses antes Kanye West tinha-se estreado com The College Dropout. O plano de domínio global começava a ganhar forma. As listas anuais davam conta da ascensão de um e o declínio de outro. Relembre-se: estamos ainda no âmbito criativo, Eminem ainda hoje quebra records e a Internet garantiu-lhe a frescura mediática que lhe tem faltado em estúdio. 

Na altura, College Dropout tinha passado despercebido para grande parte do público de Eminem. Encore e How To Dismantle an Atomic Bomb dos U2 disputavam protagonismo e as apostas sucediam-se: qual dos dois blockbusters da reentrée "leakará" primeiro? Eminem ia dando nas vistas com o vídeo de "Just Lose It", os U2 chamavam atenções através de projetos como o Band Aid 20 e a gravação de uma nova versão de "Do They Know It's Christmas?". A polémica, o instrumento de propaganda favorito de Eminem, ele, sempre foi de alvos fáceis. Michael Jackson no vídeo de "Just Lose It", George W. Bush no de "Mosh" são os mais óbvios. Resultado: críticas em relação ao primeiro - Stevie Wonder chegou a dizer que "não se bate em alguém que já está no chão" - e problemas com a lei em relação ao segundo - em causa, a escolha das palavras: "Fuck money / I don't rap for dead presidents / I'd rather see the president dead / It's never been said, but I set precedents".

Encore é um rapper no topo do mundo, sem nada a provar. A falta de ideias deixaria-o cinco anos longe das edições.



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